sábado, 3 de setembro de 2011

Grupo Tradição e o novo caldeirão - a revolução vem de Campo Grande

De todas as influências que podemos destacar da moderna música sertaneja, o grupo sul-matogrossense Tradição é a mais forte. Os produtores Dudu Borges e Ivan Myazato fizeram escola na banda. Michel Teló era vocalista. O produtor, manager e marido de Jannayna, Carlos Dias, era baixista da banda. E por fim, Anderson Nogueira, que além de ter lançado um exelente disco solo como cantor, toca bateria na maioria absoluta de hits sertanejos da atualidade. O mesmo pode ser dito do percussionista Wlajones. Só que, como se pode notar pelas frases acima, nenhuma deles ainda está na banda. Mas então, o Tradição acabou? Nada!
Sob a liderança do guitarrista Wagner Pekois, o Tradição montou uma nova e jovem formação e durante os ultimos vinte meses lançou-se à estrada em turnês constantes pela região sul, meio à margem da mídia, arredondando seu repertório e introsando os novos membros. No primeiro semestre deste ano gravaram seu primeiro DVD no balneário de Camburiu, que está prestes a ser lançado. Hoje saiu o primeiro clipe do DVD, com a música "To Solteiro", veja se não dá aquele gostinho de quero mais, assista já.
Além do remanescente Pekois, o novo combo do Tradição é formado pelos irmãos Guilherme Bertoldo nos vocais e Leonardo, o Leko nas baquetas. Os dois são gaúchos e tocavam na banda 4 Gaudérios. Para substituir Gerson Doulgas, um dos melhores sanfoneiros do Brasil - e o único remanescente dos veteranos que sumiu do mercado, a responsabilidade caiu nas mãos do jovem descendente de indíos Jeffinho Vilalva. Escolado na arte do Chamamé. Jeffinho é oriundo do Grupo Zíngaro, assim como o baixista Leandro Azevedo. Tampando o caldeirão, o percussionista Marcio Pereira, recrutado dos campo-grandenses Mensageiros do Oeste. Encontrei os meninos quando passaram por Curitiba no mês passado. Pela quantidade de palhaçada que uns faziam com outros e pelas histórias engraçadas contadas, dá pra ver que a sinergia do grupo está boa. Mas o que realmente me supreendeu foi o senso de responsabilidade e liderança do cantor Guilherme Bertoldo. Toda a vez que eu fazia uma pergunta mais cabeluda e direcionava para o Pekois, depois de poucas frases do guitarrista Guilherme já chamava o assunto para si. Guilherme sabe o que quer e demonstrou determinação em fazer acontecer. Isso é particularmente interessante sob o ponto de vista do que foi discutido na conversa: os novos rumos da música sertaneja. Enquanto o resto da manda volta suas atenções para a região nordeste numa relação cada vez mais promíscua - no bom e no mal sentido - com o forró, o axé e o arrocha, Guilherme quer investir cada vez no diferencial do Tradição, que é o vanerão gaúcho e todas as suas variante. A música gaúcha sempre encontrou enormes dificuldades em se modernizar e o Tradição sempre foi sua válvula de escape, apesar da banda ser de Campo Grande.
Com a consolidação da música sertaneja como a nova música jovem no Brasil e depois do estouro de Luan Santana, soa meio óbvio a todos que só o que falta é uma boa banda, que dê continuidade a esta revolução. Dentre as existentes podemos listar Kanoa, Rhaas, Seu Maxixe, Amigos Sertanejos, mas todas elas possuem aquela característica em comum que foi citada, estão com os ouvidos voltados pro norte. Só o Tradição está buscando sul a base de sua criação. Mesmo soando tradicionais - afinal surgiram fazendo isso nos anos 90 - e fazendo juz ao nome, ao ficarem sua base criativa no sul, o Tradição acaba se saindo inovador. A musica sertaneja atual foi influenciada pela antiga formação da banda. Será que esses moleques afeiçoados a uma boa macaquiçe conseguirão fazer o mesmo com a geração futura? Como diria Napoleão Bonaparte, no sermão da montanha: - Vai saber... Mas que o caldeirão vai tremer, isso vai! 

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